quarta-feira, 16 de abril de 2008

Aramaico, a língua que Jesus Cristo falava, corre risco de extinção.

Fonte: Site O Verbo
Velhos e crianças, cristãos e muçulmanos, os habitantes da localidade montanhosa de Maalula, a 50 quilômetros a norte de Damasco, sentem-se orgulhosos por serem dos poucos que sabem exprimir-se na língua de Cristo, e não estão dispostos a permitir que ela se extinga.
«Ibla Jatita» é o «olá» com que as pessoas se saúdam, tal como Cristo aos seus apóstolos, nesta aldeia de casas de tijolo e ruas estreitas, entalada entre duas montanhas e que parece parada no tempo.
«O aramaico é um tesouro e, se aqui o perdermos, vai desaparecer do universo», disse Georget al Jalabi, que trabalha na livraria do antigo mosteiro de São Sérgio e São Baco, em Maalula.
O templo católico é um dos poucos lugares do planeta onde se pode escutar o «Pai Nosso» em aramaico. Esse é, porém, o único momento da liturgia, porque o restante se diz em árabe e é também nesta língua que estão escritas as bíblias ali usadas.
A população de Maalula está contente por haver agora uma escola governamental que dá cursos de aramaico, o que permite às crianças e aos adultos estudarem a língua num centro acadêmico.
A escola, inaugurada no Verão passado, «é apenas o começo de um longo caminho para proteger a língua», assegura Anton Taglub, vendedor de cruzes e postais numa loja do mosteiro.
No entanto, nesta e noutras lojas do vizinho mosteiro de Santa Tecla -localizado também entre as montanhas - não se pode encontrar em aramaico mais do que uma gravação dos cantos de Sexta-Feira Santa, embora estejam disponíveis manuais básicos de auto-aprendizagem de aramaico em espanhol, alemão, inglês e francês.
Uma língua que sobreviveu três mil anos graças ao isolamento dos seus falantes corre agora perigo, devido à globalização: «Dado o uso contínuo da internet e da televisão, os jovens começam a esquecer algumas palavras de aramaico», explica Mary Riad, guia no mosteiro de São Sérgio e São Baco.
O antigo presidente da câmara da localidade, Azer Barquil, lembra que as novas gerações que querem ter acesso à tecnologia avançada e conseguir uma boa carreira começaram nos últimos anos a abandonar Maalula em busca de uma vida mais moderna em Damasco.
«Mas insistimos em que, embora os nossos filhos saiam de Maalula, não devem esquecer o aramaico», defende Barquil.
Ligando a palavra ao ato, Barquil assevera que os seus filhos se matricularão durante as férias do próximo Verão na nova escola de aramaico para melhorarem a língua.
O apego ao aramaico é igualmente visível entre a minoria muçulmana de Maalula, orgulhosa de falar a língua de Jesus (os muçulmanos veneram Cristo como um profeta).
«Logo na infância aprendemos a falar o aramaico dos nossos pais. É a língua do nosso povo», afirma Mahmud Ali, que confessa gostar de ser «um muçulmano que fala a língua de Jesus».
Segundo Barquil, se em Maalula os muçulmanos, 25 por cento da população, dominam o aramaico, nas duas outras localidades muçulmanas vizinhas, Yabadin e Sarja, todos os seus habitantes o falam perfeitamente.
Juntando as três localidades, eleva-se a 18.000 o número de falantes de aramaico sírios, quase os únicos do mundo que atualmente falam a língua de Jesus, juntamente com mais uns quantos - em total indeterminado - em Israel e no Irã.

Reproduzido do site www.lpc.org.br

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